1 de dezembro de 2021 Startups

Hidreo supre a demanda de energia de uma estação da Sanepar

Por meio da Micro Central Hidrelétrica (MCH), a startup gera energia suficiente para até cinco casas em ambientes urbanos e rurais

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Sobre a Hidreo

Fundada em 2013, a Hidreo é uma startup de microgeração de energia, que parte de fontes renováveis para gerar energia elétrica com alto rendimento. Para isso, desenvolveu um módulo de geração conhecido como o “coração da solução”, que pode ser eletronicamente controlado. Conectado à rede elétrica, este equipamento consegue operar a partir de várias fontes, como hídrica, eólica e de biogás.

“Chamamos o equipamento de ‘Micro Central Hidrelétrica (MCH)’. Suas dimensões são  pequenas, próximas as de um frigobar, e todos os componentes são fabricados no Brasil”, explica o fundador da Hidreo, Felipe Wotecoski. “Quando se utiliza de uma fonte hídrica, a MCH é capaz de gerar energia a partir dos menores pontos de disponibilidade hídrica, por exemplo, pequenos rios, riachos e descarte de água sob pressão.”

A startup nasceu dentro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Na mesma instituição, passou pela incubadora e, posteriormente, pelo programa de aceleração da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Seu estágio atual é chamado de “Scale Up”, quando o empreendimento comprova sua viabilidade de forma rápida e está pronto para o próximo estágio.

“Nos últimos, anos recebemos vários prêmios com as nossas soluções. Colecionamos o Sebrae Inovação, o Desafio Paraná de Startups, o Desafio AgriTech do Fórum de Agricultura da América do Sul, além de diversas participações em eventos e palestras sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU, com destaque para a apresentação de um case no Fórum Global de Inovação e Tecnologia em Sustentabilidade”, relata Wotecoski.

De acordo com o fundador, o público-alvo da Hidreo está, em sua maioria, nas zonas rurais, devido à disponibilidade hídrica ser maior. Além disso, há instalações em indústrias, concessionárias de saneamento e abastecimento de água, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) e Grandes Usinas Hidrelétricas (UHEs) espalhadas por vários estados brasileiros.

“Um caso de sucesso de instalação da MCH foi em uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), em Foz do Iguaçu. Foram instalados dois módulos de MCH em uma saída de água tratada, antes de ser descartada no rio. A taxa interna de retorno (TIR) chegou a 25%.."

Funcionalidades da solução

Segundo Felipe Wotecoski, a modularidade da Micro Central Hidrelétrica (MCH) é especial por dois grandes aspectos. O primeiro diz respeito à amplitude dos locais que o equipamento pode operar. “Normalmente, as turbinas hidráulicas são projetadas para uma condição específica de queda e vazão, ou seja, é feito um projeto diferente para cada terreno onde se deseja gerar energia”, diz. “Nossa MCH pode ser instalada em uma variedade de condições de queda e vazão. Conseguimos, assim, ganhar em escala produzindo uma mesma máquina que vai gerar energia em uma cidade no Nordeste do Brasil ou no sul da Argentina”.

Outro aspecto é a possibilidade de instalação de mais de uma máquina nos locais com maior potencial hídrico. Isso significa que, em vez de aderir a turbinas maiores, pesadas, mais difíceis de operar e de dar manutenção, são dispostos vários módulos de MCHs. “Máquinas menores são mais simples de instalar, gerir e manter”, diz Wotecoski. Ademais, neste modelo é fornecida maior segurança energética ao empreendimento. 

“Se uma máquina falhar, todas as demais continuam funcionando ou, se a vazão do rio diminuir em uma época do ano, há opção de desligar algumas unidades enquanto as outras continuam funcionando à plena carga. Este é o mesmo conceito usado nas grandes fazendas solares, por exemplo, se olharmos de perto, são um grande banco de pequenos painéis solares”, diz.

A startup reforça o cuidado que tiveram na construção da solução. “A simplicidade do projeto é um objetivo. Muitas empresas criam produtos demasiadamente complexos para que sejam exclusivos, mas isso nunca foi nosso foco. Possibilitamos que a mesma pessoa que opera uma bomba d’água seja capaz de instalar uma MCH”, diz Wotecoski.

As turbinas das máquinas são fabricadas por manufatura aditiva, ou seja, por impressão 3D.

Sobre o cliente

A parceria com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) começou em 2019, quando o maior custo fixo operacional da empresa  era a energia elétrica. “A alta constante nas tarifas de energia e a perda de benefícios tarifários pressionam as empresas de água com um efeito cascata também na tarifa cobrada dos seus clientes”, explica Wotecoski.

Para solucionar o gargalo de uma das cinco maiores empresas de saneamento do Brasil, a Hidreo quis aproveitar as inúmeras micro potências de geração de energia presentes nas instalações da empresa, por exemplo, tubulações de saneamento, represas de abastecimento, estações de tratamento, entre outras. 

“Com a instalação da solução MCH, foi possível gerar energia na tubulação de descarte de água de uma estação de tratamento de efluente da companhia (ETE), validando o conceito de geração mesmo em ambiente hostil, quando a água de saída de uma ETE contém ainda vários elementos químicos, principalmente o H2S, que é altamente corrosivo”, explica o fundador da startup.

Resultados obtidos

De acordo com Felipe Wotecoski, fundador da Hidreo, a Micro Central Hidrelétrica em pleno funcionamento foi capaz de suprir toda a demanda de energia da estação de tratamento instalada. O valor investido na solução deve ser recuperado em até 4 anos e meio, nos cálculos tarifários atuais. Além disso, o equipamento possui uma vida útil acima de 20 anos, afirma Wotecoski.

Em cenários urbanos, somente uma unidade da MCH consegue gerar energia suficiente para até cinco casas. “No caso de casas de regiões mais simples, como comunidades ribeirinhas na Amazônia, uma única MCH pode abastecer até dez casas”, diz.

O fundador ressalta também que um equipamento modular foi projetado para funcionar com alto rendimento e extrair a máxima potência disponível, mesmo em pequenos recursos hídricos. Além disso, é possível conectá-lo à rede elétrica da propriedade através de um inversor tipo Grid-Tie, o mesmo tipo usado pelas placas fotovoltaicas. Isso faz com que nosso produto seja capaz de armazenar energia na rede das concessionárias, diminuir sua conta de luz, gerar créditos sobre a energia excedente para ser usado em até 60 meses na mesma propriedade onde foi gerada ou em outras propriedades do mesmo titular, ou, até, rentabilizar a energia gerada”, finaliza.