Fundada em 2021, a Dobslit é uma startup focada em computação quântica. Após anos dedicados ao estudo da tecnologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o professor doutor Celso J Villas Boas e o engenheiro Carlos Speglich decidiram transformar a pesquisa em negócio, motivados, principalmente, pelo crescimento nos investimentos na área no exterior. Para se ter uma ideia, um estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) estima que a computação quântica pode gerar entre US$5 bilhões a US$10 bilhões já nos próximos três a cinco anos.
Um dos pioneiros no desenvolvimento da computação quântica no Brasil, os engenheiros Rogerio Ruivo e Carlos Speglich, cofundadores da empresa e diretores de tecnologia e negócios, respectivamente, explicam que um computador convencional, para realizar qualquer função, transforma todos os dados em cadeias de zero ou um, usando o sistema binário – mais conhecido como bits. Ou seja, toda informação apresenta apenas duas possibilidades diferentes. O computador quântico também assume valores de zero e um, mas ao invés de somá-los, os multiplica por meio do uso de qubits, o que confere velocidade, capacidade de armazenamento e processamento de dados exponencial à máquina; estima-se que um computador de 70 qubits faça cálculos que levariam 270 mil anos para serem feitos por um clássico. Além disso, o desenvolvimento do software é diferenciado e necessita de um hardware específico para funcionar. Por isso, através de um serviço de nuvem, os softwares desenvolvidos na Dobslit são transferidos para computadores, ou seja, hardwares, localizados no exterior, e a partir daí podem exercer a função para qual foram criados.
A empresa opera, no momento, com recursos próprios, mas conta com incentivos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), com a parceria do Supera Parque de Ribeirão Preto, da startup espanhola Quanvia e do Senai CIMATEC. A programação é feita pela equipe de oito pessoas em home office e, como a tecnologia é emergente e está em expansão, a pesquisa é constante. “Nós desenvolvemos uma dinâmica de interação toda própria, em que passamos as demandas e também discutimos muita coisa, porque não é um assunto que está tão desenvolvido quanto a computação convencional, então muitas dificuldades ali dentro precisam ser tratadas”, explica Ruivo.
Segundo Speglich, o foco da Dobslit são empresas de grande porte, com grande demanda em tecnologia, que queiram se posicionar estrategicamente para incorporar a computação quântica em seus processos. O empreendedor afirma que têm notado um aumento no interesse das corporações na solução fornecida pela startup, causada, principalmente, pela necessidade de processar cada vez mais dados e informações em montantes que não são suportados por computadores normais.