O mercado logístico cresce com automação, dados e geolocalização. Veja as principais tendências e o panorama das logtechs no Brasil.
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A logística brasileira vive uma transformação profunda. Pressões por velocidade, previsibilidade e redução de custos deixaram de ser desafios isolados e passaram a compor uma agenda de eficiência que atravessa todos os setores da economia. Nesse contexto, as logtechs passaram a desempenhar um papel central, não apenas como fornecedoras de tecnologia, mas como impulsionadoras de novos modelos operacionais.
O Startup Landscape: Logtechs 2025, produzido pela Liga Ventures com dados da Startup Scanner, oferece um retrato claro dessa mudança. Ao mapear 318 startups ativas, o estudo revela um setor em expansão, que se apoia cada vez mais na digitalização, na inteligência de dados e na automação para resolver gargalos estruturais da cadeia logística.
Nos últimos anos, a logística deixou de ser vista como um centro de custo e passou a ser tratada como fator estratégico. Isso acontece porque as empresas, especialmente após a intensificação do e-commerce, entenderam que a eficiência operacional impacta diretamente a competitividade.
Assim, as logtechs crescem sobre três pilares fundamentais. O primeiro é a digitalização, que avança de forma consistente e substitui processos antes dependentes de papel, telefonemas e controles manuais. O segundo é a visibilidade, que se torna essencial para coordenar uma cadeia longa e complexa como a brasileira. Por fim, surge a automação como resposta ao esforço de reduzir falhas, retrabalhos e desperdícios.
Esses movimentos criam terreno fértil para soluções que atuam desde a gestão de frotas até a última milha. E, à medida que a operação logística se torna mais conectada, cresce também a maturidade das tecnologias e das startups envolvidas.
Embora o ecossistema de logtechs seja diversificado, algumas categorias aparecem como protagonistas em 2025. Isso porque respondem diretamente aos pontos de maior fricção da cadeia logística. Segundo o estudo, elas se distribuem da seguinte forma:
Essas categorias ganham destaque porque lidam com áreas onde o impacto operacional é imediato. A gestão de entregas, por exemplo, tornou-se indispensável para empresas que precisam coordenar fluxos complexos entre centros de distribuição, transportadoras e consumidores. Já a gestão de frotas evoluiu para além do monitoramento básico e, agora, depende de inteligência de dados para reduzir custos, otimizar rotas e garantir segurança.
Enquanto isso, a last-mile consolidou-se como um dos maiores focos de pressão por desempenho. Ela concentra boa parte dos custos logísticos e define a experiência do cliente na ponta. Não surpreende que startups dessa categoria também figurem entre as que mais recebem investimentos.
Se, por um lado, as categorias mostram onde estão os maiores desafios, por outro, as tecnologias revelam como as startups estão resolvendo essas dores. De acordo com o estudo, as soluções que estão se destacando são:
O uso intensivo de geolocalização e rastreabilidade não é mera tendência, mas uma necessidade operacional. Em um país de dimensões continentais e com infraestrutura desigual, acompanhar o deslocamento da carga em tempo real tornou-se essencial para evitar perdas e gerenciar imprevistos.
Além disso, o crescimento do data analytics mostra que as decisões logísticas estão menos intuitivas e mais baseadas em dados. A roteirização inteligente, o planejamento de demanda e a gestão de performance já fazem parte do cotidiano de operadores, varejistas e indústrias. E, para completar, o avanço das APIs viabiliza a integração entre sistemas antes isolados, permitindo que a operação seja vista como um todo, e não como etapas desconectadas.
Um dos pontos mais interessantes observados no Startup Landscape: Logtechs é que o ecossistema de logtechs já não pode ser considerado emergente. Pelo contrário, ele demonstra equilíbrio entre maturidade e renovação.
Quase metade das startups mapeadas está em estágio emergente, o que indica tração, validação de mercado e potencial de escala. Ao mesmo tempo, há uma proporção significativa de soluções estáveis e disruptoras, que já operam em nível mais avançado, com modelos sólidos e clientes robustos.
Outro dado relevante é que 70% das logtechs atendem prioritariamente o mercado B2B. Isso revela que as soluções não são apenas pensadas para o consumo final, mas para resolver fricções reais de grandes cadeias produtivas. E, à medida que empresas de setores variados fortalecem sua agenda logística, cresce também a busca por soluções integradas, de alto impacto e que possam ser implementadas em ambientes complexos.
O estudo também aponta que o volume de investimentos no setor segue com tendência de crescimento. Embora o mercado global de venture capital tenha passado por ajustes, as logtechs se manteve resiliente.
Em 2024, categorias como gestão de entregas, inteligência de dados e last-mile ficaram entre as que mais captaram recursos. Esse movimento indica que investidores veem potencial de escala, recorrência e impacto direto nos resultados das empresas, fatores que tornam as logtechs especialmente atrativas.
Além disso, o aumento das rodadas seed e pré-série A mostra que muitas soluções estão chegando ao mercado em um nível mais robusto, prontas para testes corporativos e expansão comercial.
Ao observar os dados do estudo, fica claro que a logística brasileira está entrando em uma fase de aprofundamento da digitalização. E, justamente por isso, várias oportunidades ganham força para os próximos anos.
A primeira delas está na automação, que se estende desde a movimentação de cargas até o microfulfillment urbano. Em seguida, cresce a necessidade de visibilidade operacional, especialmente em cadeias longas e multicanal. Outro ponto relevante é a expansão da cadeia fria, impulsionada por alimentos frescos, bebidas e produtos farmacêuticos. Além disso, a logística reversa, historicamente tratada como operação secundária, ganha espaço devido à expansão do e-commerce e às pressões regulatórias.
Finalmente, a aplicação de inteligência artificial aparece como um dos motores mais promissores do setor. Ela permite prever atrasos, ajustar rotas automaticamente, otimizar frotas e identificar gargalos antes que eles afetem a operação. Em um ambiente tão sensível a custos quanto o logístico, isso representa vantagem competitiva real.
O panorama das logtechs em 2025 revela um setor mais maduro, mais tecnológico e profundamente conectado às necessidades de eficiência do mercado brasileiro. A combinação de dados, automação e integração cria um ambiente no qual as startups conseguem entregar valor direto e imediato às empresas.
À medida que novos desafios surgem, as logtechs se posicionam como parceiras estratégicas, capazes de transformar a forma como a cadeia logística opera. E, considerando o ritmo atual de evolução, é possível afirmar que a próxima década será marcada por uma logística cada vez mais previsível, conectada e orientada por inteligência.
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