Confira como os setores de Finanças e Seguros estão se relacionando com startups e inovações, em busca da digitalização de processos e serviços.
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Com um cenário cada vez mais favorável para o surgimento de fintechs no Brasil, não é só o setor financeiro que vem apostando na capacidade disruptivas destas inovações através de startups. As insurtechs vêm ganhando força e atraindo o olhar das grandes seguradoras, como é o caso da Porto Seguro, que tem seu espaço de inovação Oxigênio com uma aceleradora dedicada a busca de startups que tenham sinergia com a corporação.
O termo insurtech significa tecnologias em seguros e passa pela aplicação em seus processos de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain e internet das coisas. As insurtechs já correspondem a 10% das vendas dos seguros em países desenvolvidos, recebendo cerca de US$ 3 bilhões em investimentos no ano passado. No Brasil, já temos alguns casos que mostra a aplicação de startups nos grandes processos de seguradoras, como é o caso da Youse, startup da Caixa Seguros, que revolucionou ao disponibilizar e vender seguros personalizados totalmente pelo canal online, conversando e atendendo às expectativas dos clientes com a experiência esperada por eles na compra de um seguro.
Na mesma linha da Porto Seguro de se aproximar de startups, o Bradesco com o InovaBRA, o Itaú com CUBO e o Banco do Brasil com um posto avançado de inovação no Vale do Silício, mostram o movimento de grandes corporações do mercado financeiro em quererem estar próximas desses atores e ecossistemas de inovação no setor. Segundo análise da Goldman Sachs no relatório Fintechs Brazil’s Moment, elas têm um potencial para gerar até US$ 24 bilhões nos próximos anos.
Veja o que Maurício Martinez, Gerente de P&D na Porto Seguro, fala sobre o assunto:
A tecnologia do blockchain causará um impacto muito grande nos próximos 10 anos para o mercado de fintech e insurtech. Em nossos negócios, podemos pensar que, no futuro, haverá a possibilidade de existir uma apólice certificada de ponta a ponta e da criação de uma identidade digital tão forte e relevante quanto a física.
Outras inovações, como os dispositivos de IoT, também impactarão setor financeiro, principalmente o de seguros. Podemos monitorar a energia elétrica da residência de um cliente, por exemplo, e no caso de uma pane elétrica, identificamos o registro o causador do problema. A área de pesquisa e desenvolvimento da Porto Seguro procura justamente estudar as tendências e antecipar esses movimentos de inovação. A tecnologia permite que novos entrantes consigam chegar mais rápido no ambiente de negócios, mas isso não significa que as grandes instituições estejam paradas. Por isso precisamos estar preparados para interagir e reagir a essas novas tecnologias e startups.
O Brasil foi o 8º país com o maior volume de investimentos em fintechs em 2016, de acordo com relatório da Global FinTech Hubs Federation e Deloitte. Foram mais de US$ 160 milhões movimentados, que foram puxados principalmente pelo investimento nas startups Nubank, GuiaBolso e Creditas. O valor se assemelha ao de Israel, conhecido pela concentração de startups de sucesso, mas que é muito distante da China, o país com o maior valor de investimentos, com US$ 7,7 bilhões. Segundo o estudo, existem cerca de 200 iniciativas consideradas fintechs no Brasil em 2016.
A maior fintech dos Estados Unidos é a Stripe, avaliada em US$ 9,2 bilhões. A startup, que ajuda pessoas físicas e negócios a receberem pagamentos online, recebeu mais de US$ 400 milhões em investimento, de acordo com a base de dados do Crunchbase. No Brasil, a Nubank, considerada uma das maiores startups do setor no Brasil, levantou, no final de 2016, US$ 80 milhões em sua quinta rodada de investimento, somando mais de US$ 300 milhões em funding até o momento, com nomes como Goldman Sachs, Fortress, Tiger e Sequoia.
Tanto fintechs como insurtechs apresentam desafios similares, como as barreiras regulatórias para a oficialização das suas propostas de negócios e o amadurecimento do próprio consumidor. A transformação digital é interpretada como essencial pelas empresas do setores no Brasil porém, ainda precisam melhorar a maneira como as tecnologias são implantadas tanto nas estratégias de negócio quanto nos processos, pois as previsões apontam que em 10 anos as grandes instituições perderão uma parte dos seus market share para as fintechs e insurtechs.
Apesar de 62% das empresas do setor afirmarem terem usado tecnologias na evolução dos seus negócios, apenas 39% as implementam de forma adequada na geração de novos negócios, segundo estudo da Capgemini. O relatório ainda apresenta que 57% dos bancos, seguradoras e empresas do setor em geral afirmam estar realizando mudanças culturais e investindo para efetivamente implantar as transformações digitais.
Veja o que Edmilson Rodrigues, CEO da Swapy, fala sobre o assunto:
Inovações como blockchain e criptomoedas estão causando uma disrupção sem precedentes para o setor financeiro, assim como o advento da internet causou nas comunicações.
Inicialmente tentamos criar uma empresa de crédito tradicional, mas percebemos que o grande problema que faz o crédito ser tão caro e inacessível é a questão da macroeconomia brasileira. Nisso, pensamos que os maiores problemas do mundo são as maiores oportunidades de negócio e percebemos que as criptomoedas tornam as transferências bancárias internacionais praticamente gratuitas. Hoje a nossa missão é o acesso universal ao crédito. Queremos que qualquer pessoa do mundo possa ter acesso a um crédito melhor e mais barato.
Quanto às inovações, os Estados Unidos são referência na área. O Vale do Silício é a Florença do século 18. Entretanto, acredito que o Brasil tenha potencial e não deixa a desejar quanto ao resto do mundo. Em um futuro próximo, as pessoas usarão aplicativos de criptomoedas assim como hoje usam aplicativos bancários.
Para a adoção em massa no Brasil, será necessário um maior conhecimento das inovações e também mudanças nas regula- mentações brasileiras. O mundo em dez anos será muito diferente por conta das novas tecnologias.
Em termos de tecnologias emergentes, elas vêm trazer opções para atacar fortes dores dos setores, como as análises de riscos, monitoramento dos envolvidos e burocracias processuais. A tecnologia do blockchain, por exemplo, nestes setores permite não só que transações sejam realizadas com mais segurança e agilidade, mas também auxilia no monitoramento de registros digitais e na criação de identidades e perfis através das informações digitais.
De acordo com o relatório Disruptive Innovation in Financial Services, o impacto dessa tecnologia pode mudar a maneira como os serviços são entregues aos clientes. Tem, sobretudo, o potencial para reestruturar processos antigos e estabelecer novas infraestruturas, e, assim como qualquer nova tecnologia, também pode transformar os modelos de negócio.
O setor financeiro também se beneficia de outras inovações, como a computação cognitiva. Grandes empresas, como a MasterCard, já usam inteligência artificial para automatizar as decisões nos momentos de transação. Em 2017, a empresa apresentou o Decision Intelligence, serviço que identifica possíveis fraudes a partir da detecção de comportamentos e hábitos do cliente.
A DocuSign é uma startup americana especializada em certificar workflows e assinaturas digitais, facilitando processos de contratação, principalmente em setores financeiros e de seguros. Recebeu mais de US$500 milhões em investimentos de fundos como o BBVA Ventures.
Blockchain é uma startup britânica de e-wallet para criptomoedas. Hoje é a carteira mais usada no mundo para armazenamento de bitcoins, tem a API mais usada e o mais popular gerenciador de blocos do mundo. Recebeu mais de US$40 milhões em investimentos e tem a Google Ventures como investidor.
A OriginalMy é uma startup brasileira que faz certificação de documentos e assinaturas através de blockchain. Suas aplicações conseguem ajudar na redução de processos burocráticos e na certificação de dados de indivíduos.
A Swapy é uma startup brasileira com operação no Vale do Silício que está desenvolvendo o conceito de “Acesso Universal ao Crédito”. Através das tecnologias de blockchain e da economia circular do token, pretende oferecer uma solução aos desbancarizados.