O ambiente logístico brasileiro é composto por contrastes. Ao mesmo tempo em que desafios no plano da infraestrutura ainda oferecem um considerável percalço para as empresas em termos de eficiência e agilidade na distribuição, um movimento de digitalização e surgimento de novas tecnologias – muitas, em resposta a estes mesmos desafios infraestruturais – têm contribuído para um melhor planejamento, ganhos de segurança, controle de perdas e, em suma, para o avanço da da cadeia logística como um todo.
Por sua vez, quando tratamos da indústria de alimentos, tais gargalos parecem ganhar escala, uma vez que estamos falando da distribuição de produtos perecíveis e que precisam chegar em perfeitas condições à mesa dos brasileiros para consumo. Para termos uma ideia, pensando na importância de tecnologias voltadas para o controle de perdas de alimentos na cadeia de distribuição, dados da ONG Banco de Alimentos divulgados pela IstoÉ Dinheiro apontam que 50% dos alimentos separados em colheita se perdem nas fases de manuseio e transporte.
Além disso, falhas nas fases de manuseio e distribuição podem, inclusive, contribuir para a perda de alimentos já disponibilizados no varejo. Um relatório de 2020 da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados) aponta que 41% da perda de itens perecíveis está relacionada com a validade dos itens, ao passo que 33%, diz respeito a maturação e improbidade para a venda – fatores estes que podem ser minimizados, por exemplo, com uma gestão informatizada de FEFO na indústria (First Expire, First Out) ou mesmo com tecnologias capazes de expandir, de modo seguro, a validade e o período de maturação dos alimentos.
Para além do controle de perdas, questões como a falta de qualidade nas estradas em muitas cidades e regiões do país, a própria extensão geográfica do Brasil e mesmo os novos modelos de distribuição logística nas cidades diante do crescimento da compra de alimentos por canais digitais e aplicativos formam uma equação que tornam a logística uma prioridade central na realidade das empresas da indústria alimentícia.
Para discutir estes desafios – e a oportunidades de inovação que surgem no esteio deste ambiente complexo – convidamos especialistas do mercado que nos ajudaram a traçar alguns dos caminhos que podem contribuir com a otimização da distribuição de alimentos no país.