Os principais desafios para que as empresas possam construir uma reputação positiva nas redes sociais em face do aumento da conectividade dos consumidores
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A expansão da conectividade e do acesso à informação em âmbito global foi um dos fatores que propiciou o empoderamento do consumidor e permitiu uma mudança de perspectiva no mercado. Se antes as empresas eram as principais agentes que guiavam as relações de consumo, hoje, os consumidores contam com voz ativa e fazem questão de pontuar suas insatisfações, interesses e opiniões em canais digitais específicos e nas próprias redes sociais.
Do início de 2017 para o início de 2018, por exemplo, o mundo ganhou quase um bilhão de novos usuários da internet, de acordo com números do Hootsuite, em parceria com o We Are Social.
Ao todo, mais quatro bilhões de pessoas iniciaram o ano passado conectadas, sendo que um dos grandes responsáveis por esta inserção digital foram os smartphones, utilizados por 68% de toda a população global. Só no Brasil, temos mais de 126 milhões de usuários, segundo o IBGE, sendo também o mobile, o principal meio de acesso à internet para a população do país.
Do ponto de vista das marcas, esta democratização traz uma série de benefícios concretos – maior variedade de canais de contato e proximidade com o consumidor, redução de custos para campanhas de marketing, possibilidade de construir uma rede de clientes engajados e brand lovers que, de modo espontâneo, se engajam com empresas com as quais se identificam, recomendando-as e até advogando em favor delas nas redes sociais.
Sobre a ampliação dos canais de contato, merece menção o fato de que, segundo a pesquisa Social Media Trends, da Rock Content, quase 95% das empresas brasileiras já estão presentes nas redes sociais, ao passo que mais de 60% delas considera que estas mídias tem papel importante em seus resultados.
Pensando na redução de custos, um estudo da Demand Metric aponta que o marketing de conteúdo – estratégia que utiliza blogs, redes sociais e canais da internet para atrair o público por meio da criação de conteúdo relevante – é 62% mais barato do marketing tradicional.
Não à toa, a publicidade em redes sociais segue crescendo no Brasil, conforme a pesquisa Paid Social Trends. Finalmente, ao analisarmos o cenário de marcas que contam com engajamento positivo do consumidor, é interessante perceber que as empresas do meio digital dominam as listas das empresas mais amadas em várias partes do mundo.
De acordo com uma pesquisa recente, Amazon, Netflix, Amazon Prime, YouTube e Google são, respectivamente, as cinco marcas com repercussão mais positiva nos Estados Unidos. No Brasil, entretanto, a variação de segmento é mais diversificada. Havaianas, Coca-Cola, Visa, Mastercard e Samsung são as marcas que geram maior conexão emocional no país, conforme levantamento do CIP (Centro de Inteligência Padrão), que considerou no levantamento os Millennials – geração que nasceu após o início da década de 80 até meados dos anos 2000.
Rafael Zenorini, sócio-fundador e CEO da Refinaria de Dados, explica como a startup auxilia as empresas a trilhar melhores experiências para o consumidor.
Nós acreditamos que, em um mundo com grande volume de informações e muitas interações por segundo, quanto mais customizadas as empresas puderem ser com uma base de clientes ou leads, maiores as probabilidades dessas pessoas interagirem e se apaixonarem pelas marcas, produtos e serviços oferecidos por estas mesmas empresas.
Neste sentido, quanto mais dirigidas a dados as organizações forem, melhores experiências ela vai poder gerar para seus clientes. Porque ela vai saber quais os melhores canais de relacionamento, qual o temperamento e a personalidade desse consumidor e, com isso, cada jornada e cada experiência pode ser de fato única.
Este é um dos principais intuitos da Refinaria de Dados: por meio de uma infraestrutura robusta de coleta, análise de dados e inteligência artificial, bem como, com o apoio de nosso time de cientistas de dados, oferecemos para as empresas insights e informações valiosas para empresas de todos os segmentos.
Por sua vez, é importante observar que esta mesma democratização que gera uma série de oportunidades para as organizações, naturalmente, carrega consigo desafios e impõe a necessidade de uma mudança de mentalidade por parte das empresas que ainda não posicionaram a centralidade no cliente como uma das prioridades estratégicas de seus negócios.
Dentro deste contexto, inúmeros exemplos podem ser citados envolvendo marcas que não souberam se comunicar com seus clientes e que, por esta razão, sofreram impactos negativos gerados a partir das redes sociais, fóruns de discussão, sites de reviews e de canais especializados em mensurar a satisfação do cliente.
Apenas para elucidarmos, vale a pena citar um caso emblemático e que ficou amplamente conhecido, ocorrido recentemente envolvendo a companhia de aviação americana American Airlines.
Em linhas gerais, após um overbooking de passageiros e tentativas malsucedidas de contornar o problema, a companhia optou por retirar a força um tripulante da aeronave. A ação foi filmada por outros passageiros do avião, sendo que um dos vídeos, publicado no YouTube, teve mais de cinco milhões de visualizações nas primeiras 24 horas, segundo o El País.
A forma como a empresa lidou com o problema – desde o próprio overbooking até comunicações pouco claras e insuficientes para demonstrar uma mudança de postura da companhia perante o público – além de servir como um exemplo claro de despreparo para lidar com o conceito de customer experience e satisfação do cliente, demonstrou um desconhecimento explícito do poder das redes sociais.
Dentre os impactos sofridos, a American Airlines, perdeu, à época do vídeo, quase US$ 1 bilhão de dólares em valor de mercado, segundo o G1, além de ameaças de boicote e inúmeras críticas nas redes sociais.
Sem dúvidas, este é um caso extremo, mas que serve para demonstrar a força do consumidor na era digital e a necessidade de adaptação por parte das organizações que desejam ter sucesso frente a este novo perfil de cliente. Estudos recentes indicam, por exemplo, que o número de reclamações via redes sociais tem crescido, ao passo que quase 30% dos consumidores abandonam uma marca após uma única experiência negativa.
A superação destes desafios envolve algumas das questões que já abordamos aqui: desenvolvimento de estratégias para entender as necessidades do cliente, capacidade de utilizar os feedbacks como uma ferramenta de transformação, ter ferramentas e tecnologia para colher informações relevantes sobre o consumidor.
Além disso, é importante se ater a própria linguagem na hora de se relacionar com um cliente nas redes sociais e ter ferramentas para conseguir otimizar esta relação. É o que aponta Guilherme Tavares, CEO da Toccato, empresa que oferece soluções Qlik para análise de dados, automação de processos e transformação digital para clientes B2B.
“Acredito que o principal desafio para empresas que ainda não se posicionam é entender que a linguagem do mundo digital é extremamente diferente. Dentro das empresas, é preciso contar com profissionais que entendam qual perfil de linguagem se deve usar com o consumidor, de acordo com cada plataforma social. Um outro desafio é ser rápido na resposta. Estar presente e responder na mesma velocidade que um relato negativo cresce é um grande desafio para as empresas.”
Mas o executivo reforça que o papel das redes sociais vai além. “As empresas precisam ter presença nas redes sociais e no próprio site, blog, para, não só com o intuito de reverter casos críticos, mas sim, para se transformarem e abrirem pontos de contato com seus clientes, seja aquele que elogia ou aquele que aponta uma experiência negativa, utilizando estes feedbacks como fonte de aprimoramento”, conclui Tavares.
Falar da relação entre redes sociais e customer experience nos traz, novamente, para o terreno dos dados e da coleta estatística de informações que possam auxiliar as empresas a desenhar jornadas de consumo mais relevantes para os seus clientes, uma vez que plataformas como Facebook, Twitter e Instagram contam com uma série de dados públicos que, se bem utilizados, contribuem para uma série de frentes na realidade de um negócio.
É o que explica Tomás Duarte, CEO da Tracksale, que fornece soluções para o monitoramento de clientes em tempo real. Fundada em 2012, a startup tem como principal norte a otimização da experiência de consumo e do pós-venda no Brasil.
“Porque seguir todos estes dados é importante? Principalmente para diminuir a distância entre aquilo que o cliente quer e o que a empresa está fazendo e oferece para o mercado. Afinal de contas, quanto melhor for o atendimento das expectativas do cliente, seja no âmbito comportamental ou de ordem subjetiva, mais rápido você consegue corrigir problemas e direcionar os rumos da organização em direção ao sucesso.”
Muitas empresas, aliás, parecem já abraçar esta perspectiva dentro de seus negócios. Segundo um amplo estudo da Buffer, mais de 80% dos profissionais de marketing acreditam que as redes sociais são importantes ou muito importantes para as suas estratégias.
Murilo Gomes, CEO da LEADR, explica como a startup tem utilizado o suporte da tecnologia para entender melhor seus clientes:
A LEADR é uma rede social de investimentos e nosso objetivo é ser o topo do funil do mercado financeiro, conectando pessoas, investidores e empresas.
No âmbito de customer experience, pretendemos manter a proximidade com nossos usuários, buscando entender seus anseios e dificuldades, os envolvendo no processo de testes de novas funcionalidades e ampliando a compreensão que temos sobre cada perfil que se cadastra na rede.
Foi com este intuito que nos aproximamos da Refinaria de Dados, que fornece um produto extremamente eficaz e assertivo naquilo que se propõe – construir inteligência de mercado a partir de uma base de dados de modo rápido, amplo e bastante detalhado.
A próxima fase de nosso projeto com a Refinaria envolve a construção de uma base informacional dinâmica, para que possamos acompanhar a evolução de nossa base diariamente. Esperamos, com isso, diminuir o custo por aquisição de usuários, direcionar campanhas mais eficientes e melhorar, ainda mais, nosso modelo de customer experience.
Todavia, nem sempre se traduz em um planejamento bem orientado, uma vez que 51% das empresas não conta com uma estratégia documentada para as redes sociais.
“Há diversos tipos de uso para as informações que obtemos com as redes sociais. Se os executivos C-Level extraem um compilado geral das opiniões sobre uma empresa na internet, eles poderão analisar um quadro macro dos desafios que aquela companhia possui e ter uma tomada de decisões mais assertivas. As equipes de atendimento ao público podem entender operacionalmente onde estão errando, os times de marketing e vendas poderão analisar se estão se posicionando para as personas corretas e, por fim, as equipes de produto podem extrair insights das redes sociais e do sentimento do cliente para corrigir, criar ou descontinuar um produto”, sintetiza Tomás.
O que se pode concluir, finalmente, é que em um mercado onde as pessoas dedicam uma parte considerável de seus dias para as redes sociais, monitorar estas mídias para compreender melhor a percepção do consumidor e, consequentemente, desenhar melhores experiências, é uma ação indispensável em um ambiente de negócios marcado pela centralidade no cliente.