O Brasil é um país de dimensões continentais que se locomove através das estradas e ruas. O transporte rodoviário responde por mais de 60% das cargas transportadas no país, o ônibus é o principal transporte coletivo utilizado pela população e a frota circulante de automóveis quase dobrou nos últimos dez anos. O brasileiro é apaixonado […]
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O Brasil é um país de dimensões continentais que se locomove através das estradas e ruas. O transporte rodoviário responde por mais de 60% das cargas transportadas no país, o ônibus é o principal transporte coletivo utilizado pela população e a frota circulante de automóveis quase dobrou nos últimos dez anos. O brasileiro é apaixonado por carros.
Este cenário é um terreno fértil para o surgimento das AutoTechs – startups que atuam direta ou indiretamente com o desenvolvimento e oferta de produtos e serviços relacionados a tecnologias automotivas, mobilidade, transporte e logística, melhorando sua performance e entregando valor para a cadeia. Foi o que revelou o estudo Liga Insights AutoTech, em que avaliamos mais de 5,4 mil startups brasileiras de diferentes áreas de atuação para identificar as 193 startups que estão revolucionando este mercado, desde a linha de produção, da venda e manutenção dos veículos até o transporte de cargas e passageiros.
O panorama das startups AutoTechs no Brasil revela um ecossistema em crescimento: 51% das startups listadas foram fundadas a partir de 2015. Do total de startups do setor, quase 80% estão concentradas nas regiões Sudeste (61%) e Sul (17%) do país. As áreas de Logística e Mobilidade são as que têm atraído maior destaque e despertado maior atenção dos fundos de venture capital no Brasil – assim como investimentos corporativos de players como Movile, Qualcomm Ventures e InovaBra (Bradesco). Grandes empresas do setor também estão se engajando com startups: Mercedes-Benz, Eaton, Ticket Log, Sascar e Webmotors se uniram à Liga Ventures para acelerar startups no programa Liga AutoTech.
Segundo dados da CNT, o custo logístico no Brasil é de R$749 bilhões, o equivalente a 12,7% do PIB do país. Em meio este cenário de altos custos e muito espaço para ganhos de eficiência em processos logísticos, uma janela de oportunidade é aberta em frentes como Trucking e Last-Mile Delivery, com soluções que descentralizam os custos logísticos, diversificam as opções de atendimento de demandas e amplia a capacidade de rede e capilaridade através de conceitos como o compartilhamento de veículos e redes autônomas.
No país, existem mais de 1 milhão de caminhoneiros autônomos. A TruckPad, startup investida pela Movile e que recentemente também recebeu um aporte da Mercedes-Benz, é uma plataforma que conecta o caminhoneiro à carga – uma espécie de “Uber para caminhoneiros”. A startup já superou 600 mil downloads do aplicativo e 200 mil caminhoneiros cadastrados em sua base.
Outro destaque no setor é a CargoX, que, utilizando a tecnologia para atuar como uma transportadora altamente escalável, captou US$ 15 milhões de investidores como Valor Capital e Goldman Sachs.
Estima-se que em 8 das 26 capitais brasileiras as pessoas passam mais de 2 horas em trânsito na rota entre casa e trabalho. O custo dos congestionamentos no Brasil é algo em torno de R$ 232 bilhões, o equivalente a 2,7% do PIB e o transporte público não consegue chegar com qualidade para toda a população.
Este contexto oferece boas oportunidades para startups que ajudem a melhorar a mobilidade – em especial as plataformas de car-hailing. São Paulo é atualmente a maior cidade do mundo em número de viagens realizadas pelo Uber, mesmo enfrentando forte concorrência de startups brasileiras.
Em 2017, a Easy, startup que tinha como principal acionista a Rocket Internet e já havia captado US$ 77 milhões, anunciou sua fusão com a Cabify, para expandirem conjuntamente suas atuações na América Latina.
Mas, o caso mais emblemático é o da 99, adquirida recentemente pela Didi Chuxing por mais de US$ 1 bilhão de dólares – sendo considerada o primeiro unicórnio brasileiro. A startup já havia captado no ano anterior US$ 200 milhões em rodadas lideradas pela pela própria Didi Chuxing e pelo Softbank, que haviam se juntando a outros fundos como Qualcomm Ventures, Monashees e Tiger Global que já haviam feito aportes na startup. Fato que mostra muito sobre o potencial do mercado de mobilidade no Brasil.
Os maus resultados da economia do país nos últimos anos refletiram em um envelhecimento da frota de veículos no país. Atualmente, a cada carro novo comercializado no Brasil, seis carros usados são vendidos. Startups com soluções para manutenção e canais de compra e venda de veículos usados se beneficiaram deste contexto.
Esse é o caso da Instacarro, startup brasileira que permite aos usuários venderem seus carros usados em até 1 hora, através de um leilão online com mais de 1500 revendedores. A startup movimentou mais de R$ 100 milhões com vendas de veículos em 2016 e levantou mais de US$ 10 milhões de investidores como FJ Labs, Lumia Capital, Hummingbird e Global Founders Capital.
Para a parte de manutenção, a Easy Carros é um marketplace de manutenção e serviços automotivos presente em mais de 30 cidades do Brasil eleita uma das startups mais inovadoras no G-Startup WorldWide. A startup tem apresentado grande crescimento no mercado B2B oferecendo uma economia de até 30% na manutenção das frotas para médias e grandes empresas. Outro destaque é o Canal da Peça, que conecta fabricantes e distribuidores de autopeças com oficinas e o consumidor final. A startup – que já captou cerca de US$ 5 milhões e tem o fundo e.Bricks Ventures como um de seus investidores – oferece mais de 700 SKUs e atende mais de 100 mil clientes.
Se interessou pelo assunto e quer saber mais sobre as AutoTechs no Brasil? Além de definições e detalhes sobre cada uma das categorias, você encontra um aprofundamento no estudo dos termos e sua influência em diferentes setores no estudo Liga Insights AutoTech. O report é gratuito e você consegue baixá-lo acessando esse link: https://at.liga.ventures/insights-autotech