12 de setembro de 2022 Artigos

Logística em tempo real: rastreabilidade e controle de frotas para o aumento da eficiência e da segurança

Um raio-x das principais iniciativas tecnológicas voltadas para o aprimoramento da logística em tempo real, visando maior segurança e rastreabilidade

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A ideia de logística em tempo real é um dos conceitos que mais vem sendo discutidos ao longo da última década, tanto no Brasil quanto em âmbito global, quando pensamos na gestão de uma cadeia de suprimentos. 

Segundo artigo da revista especializada Logística & Supply Chain, o conceito de logística em tempo real envolve a noção de que é possível tornar mais enxutos os lotes de mercadorias de uma empresa e reduzir o lead-time de entregas, por meio da utilização de sistemas e tecnologias que possibilitem um fluxo mais rápido e automatizado das movimentações de um estoque.

Para tanto, é preciso contar também com uma integração otimizada dos atores e processos envolvidos na cadeia de distribuição, bem como, com rotinas de análise de dados constante, para um controle preciso da operação logística.

Desvendando o conceito de logística em tempo real

Quando acompanhamos as discussões do mercado, incluindo de companhias provedoras de tecnologia para a área de supply chain, é possível perceber que a ideia de uma visão integral e minuciosa de cada etapa da cadeia logística está diretamente ligada com uma perspectiva ‘real time’.

A Dematic, por exemplo, apresenta como benefícios deste modelo, a possibilidade de acompanhar, no momento exato, as movimentações do estoque, a ordem dos pedidos, propiciando, até mesmo, o controle das atividades dos funcionários ou dos equipamentos de uma empresa.

De modo semelhante, um artigo recente do portal americano especializado em logística, Supply Chain 24/7, aponta que, em um modelo de logística em tempo real, é preciso que haja o rastreamento do comportamento do motorista, da rota e do local exato onde a entrega foi realizada, tudo isso a partir do momento em que a mercadoria sai de um centro de distribuição.

Real Time & Logística 4.0

O modelo de logística ‘real time’ vem sendo apresentado, por alguns especialistas, como um braço indispensável da logística 4.0, que inclui, conforme análise do Portal iPNews, informação em tempo real para a gestão da cadeia logística, visão integrada da cadeia de suprimentos, centros inteligentes de distribuição, lead-time reduzido e estoque zero (ou estoque enxuto, como vimos anteriormente).

Mas quais as tecnologias que sustentam e ampliam as possibilidades da logística em tempo real?

A partir das entrevistas com especialistas e da análise de materiais especializados, chegamos a quatro pilares principais que, em muitas das soluções disponíveis no mercado, podem se comunicar e fazer parte de uma mesma infraestrutura tecnológica. São eles: rastreabilidade, telemetria, análise de dados e os dispositivos IoT.

Sobre IoT, vale salientar que, segundo dados do IDC em parceria com a Associação Brasileira de Softwares, este mercado deve movimentar em 2019, só no Brasil, cerca de US$ 9 bilhões em investimentos. 

IoT e outras tecnologias de sustentação

O potencial para o uso de IoT na logística é bastante amplo e um dos pilares de aplicação envolve, justamente, a capacidade de prover uma visão de ponta a ponta para maximizar a eficiência de uma cadeia de distribuição, conforme report da consultoria Research and Markets, questão esta que, como vimos está diretamente relacionada com a ideia de logística em tempo real.

Outra pesquisa recente, divulgada no portal MarketWatch, por sua vez, aponta que, até 2022, os investimentos voltados para a aplicação de Internet das Coisas na logística devem atingir cerca de US$ 10 bilhões.

Neste ponto, vale a pena explicamos, sinteticamente, o conceito que sustenta as tecnologias de rastreabilidade, cada vez mais buscadas pelo mercado.

Conforme definição presente em artigo da revista especializada em logística e transporte portuário, Guia Marítimo, os sistemas de rastreabilidade tem como principal trunfo, fornecer “informações rápidas possibilitando ações preventivas ao longo de todo o processo operacional”.

Neste sentido, tais soluções conseguem ter uma gama muito ampla de aplicações: controle de frotas, processos, documentações, aumento da segurança e da eficiência, e até a análise detalhada do comportamento de motoristas ou do desgaste de veículos.

O mercado de startups e a logística em tempo real

Com esta visão macro, a Mobi7, startup de Curitiba fundada em 2017, oferece para o mercado brasileiro uma solução que utiliza a rastreabilidade e a telemetria (envio de dados ‘real time’ a partir de georreferenciamento) como motores para uma gestão logística em tempo real, visando o aumento da eficiência, controle de custos e maior segurança dentro da cadeia de supply chain.

“Nosso maior objetivo é trazer eficiência para as empresas e salvar vidas com prevenção de acidentes – e tudo isso está muito conectado. Na nossa solução, é possível colocar o programa de manutenção do veículo de acordo com ano, marca e modelo, e, conforme a movimentação do veículo, é possível avisar com antecedência que aquele ativo precisa fazer uma manutenção. Temos ainda formas de acompanhar as rotas do motorista, se está chegando nos seus compromissos no horário correto, o tempo de permanência e sua jornada como um todo. A ideia é ser uma ferramenta de gestão completa e em tempo real para as empresas”, explica Ricardo Novo, CEO da Mobi7.

Com clientes como Renault, Scania, Mercedes Benz e Ritmo Logística, a Mobi7, segundo Novo, conta com cases de redução de custos com combustível na casa de 10%, apenas com a melhoria do comportamento do motorista. 

Outra startup que vem ganhando destaque neste mercado que tem como base a logística em tempo real é a Trackage.

“No final do dia, a Trackage é uma startup que entrega para os seus clientes indicadores para tomada de decisões no âmbito da gestão logística, frotas, rastreabilidade de ativos e pessoas. Como fazemos isso? Possuímos três produtos distintos, todos dentro do conceito de rastreabilidade em tempo real: rastreabilidade de processos logísticos; rastreamento de ativos e pessoas; além de uma gestão de frotas completa e customizada. Para oferecer esses resultados sempre estudamos cada caso de forma isolada, entendendo a melhor solução a ser aplicada e utilizamos, dispositivos IoT, dashboards e aplicativos que geram dados relevantes para os gestores”, explica Renato Vieira, cofundador da Trackage.

Fundada em 2014, a Trackage foi eleita duas vezes pela ABDI como a melhor startup do Brasil para fazer conexão com as indústrias (ciclo 2017-2018 e 2019-2020) e conta com clientes como DHL, Whirlpool, 3M e Latam.

Os investimentos de grandes empresas

As soluções de rastreabilidade tem atraído a atenção de grandes empresas e, segundo relatório recente da PwC, um dos grandes desafios para otimizar, ainda mais a rastreabilidade envolver uma melhor integração de data analytics com as cadeias de supply chain, além de uma maior expansão dos centros de distribuição inteligentes.

Para termos uma ideia do potencial deste mercado, só a cadeia de food deve aplicar, até 2025, mais de US$ 24 bilhões em investimentos nas tecnologias de rastreabilidade, segundo estimativa da Zion.

Por sua vez, a telemetria, embora tenha um escopo que vai além da logística e pode ser aplicado na agricultura, meteorologia e para o monitoramento de recursos hídricos, por exemplo; tem encontrado bastante aderência na gestão das cadeias de distribuição, sobretudo para o monitoramento do transporte de cargas.

De modo global, até 2020, o mercado de telemetria deve atingir mais de US$ 243 bilhões em investimentos e tem atraído a atenção de grandes empresas, como no caso da Coopercarga.

“Com a evolução da nova economia e os impactos da transformação digital, entendemos que as entregas urbanas são também uma grande prioridade. Neste sentido, contamos com uma operação na grande São Paulo com veículos dedicados, realizando uma média de 20 a 30 entregas por ativo. Para vencermos os desafios operacionais em uma área urbana, contamos com uma frota diferenciada, com telemetria, rastreabilidade e com um time de motoristas e ajudantes treinados, especificamente, para as complexidades da logística nos grandes centros”, explica Osni Roman, presidente da Coopercarga.

Desafios e oportunidades

Como vimos anteriormente, um dos grandes desafios para as empresas que desejam aderir a um modelo de logística em tempo real envolve, sobretudo, uma transformação cultural e a criação de iniciativas que favoreçam uma maior abertura para a inovação dentro da gestão da cadeia de supply chain. 

Atenta a esta questão, a Coopercarga, conta, hoje, com um programa exclusivo para o desenvolvimento de projetos disruptivos, além de um centro de inovação dentro da companhia. É o que explica Alessandra Cassol, head de inovação da empresa.

“A inovação faz parte do DNA da Coopercarga desde sua constituição, no entanto, nos últimos três anos, avançamos com alguns passos mais concretos focados em resultados efetivos. Iniciamos nossa caminhada pautada com ações de Closed Innovation em 2018. Já foram mais de 3000 mil horas de capacitação realizadas. Concomitantemente, iniciamos o Programa Criativação de Ideias para registrar, desenvolver e premiar as ideias dos colaboradores, tendo como objetivo estimular o potencial criativo e solucionador de problemas em todos os níveis hierárquicos. O Programa Criativação de Ideias já conta com mais de 100 ideias inscritas, 12 projetos desenvolvidos em modelos de MVP e dois projetos implantados. Em 2019 lançamos ainda o Innovation Center, que busca unificar as ações de Closed Innovation e Open Innovation ao nosso propósito e desenhar o futuro da Coopercarga a partir da inovação”, conclui Cassol.

Saiba o que os profissionais de grandes empresas e especialistas estão falando sobre o tema em entrevistas completas aqui

Loggi

A Loggi possui diferentes modelos de entrega, desde delivery expresso para pessoas e empresas até a distribuição por veículos e aviões, sempre com o envio de notificações para o acompanhamento das entregas em tempo real. A startup, fundada em 2013, já recebeu US$ 295 milhões em investimentos.

Mandaê

A Mandaê é uma startup brasileira que disponibiliza uma plataforma logística para a gestão de entregas, incluindo a possibilidade de rastreamento, em tempo real, de todos os passos da encomenda. Fundada em 2013, já recebeu US$ 11,3 milhões em investimentos.

Cargomatic

A Cargomatic é uma startup americana que conecta entregadores locais com empresas para a realização de entregas rápidas e com acompanhamento em tempo real. Fundada em 2013, a startup possui US$ 55,8 milhões em investimentos

FreightHub

Focada no transporte marítimo, a startup alemã FreightHub oferece uma plataforma customizada para a gestão de entregas internacionais, com cotações instantâneas e acompanhamento de fretes em tempo real. A startup foi fundada em 2016 e já conta com US$ 56 milhões em investimentos.

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